sintra-e-o-futuro

Maio de 1977

Não foi por mero acaso nem simples coincidência que se escolheu esta Bela Serra de Sintra para a realização da nossa primeira Escola de Primavera.

Na realidade, razões de carácter mais transcendental estiveram na base da nossa escolha.

E se os factos que vamos apresentar, justificativos da nossa escolha, parecerem aos olhos de muitos de pouco interesse e frágil conteúdo, deve-se essa anomalia à paupérrima pena deste vosso amigo, e não aos reais, autênticos e altos valores de que esta Bela Serra de Sintra se reveste.

Comecemos por estudar a etimologia da palavra Sintra.

Até onde nos foi possível investigar, ressaltam a priori duas correntes diferentes.

Segundo a opinião de Edrisi, geógrafo do século XII, Sintra derivaria da palavra XENTRA que com o decorrer dos tempos se modificou para SENTRA e finalmente deu SINTRA.

Para outros e com base em tradições bem mais antigas, SINTRA deriva da palavra CINTYA.

CINTYA era o termo com que o paganismo designava a Lua e a ela dedicava a sua adoração.

Lua e Sol, Prata e Ouro, dois símbolos de grande significado cabalístico e decisiva importância no estudo do Homem como Ser Cósmico.

Por razões óbvias, partilhamos decididamente dessa última opção, como, aliás, é facilmente compreensível.

“SINTRA JARDIM TERREAL QUE SALOMÃO MANDOU AQUI” – no dizer de Gil Vicente.

“SINTRA A OITAVA MARAVILHA DO MUNDO” – afirma Armand Dyot.

“SE EXISTE LUGAR QUE MEREÇA O EPÍTETO DE TERRA ENCANTADA, É SINTRA CERTAMENTE” – escreve Jorge Borrow.

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A Verdade Transcendente revelando-se através da intuição dos poetas.

Mas se todas essas citações têm, de facto, bastante interesse, uma há, porém, encontrada nesta Bela Serra, roída pela erosão dos tempos, cujo alto significado profético assume a nossos olhos proporções de muito mais alto valor.

Eis, pois, a sua tradução do latim para português:

“PATENTE ME FAREI AOS DO OCIDENTE

QUANDO AS PORTAS SE ABRIREM LÁ NO ORIENTE.

SERÁ COISA PASMOSA QUANDO O INDO,

QUANDO O GANGES TROCAR, SEGUNDO VEJO,

SEUS ESPIRITUAIS EFEITOS PELO TEJO.”

Essa profecia por si só justifica plenamente a nossa escolha, dado o profundo e extraordinário alcance esotérico que as suas palavras encerram.

Sempre que um Pramantha surge alterando a dinãmica da Evolução Humana, sempre que um Ciclo exausto se extingue em favor de outro portador de novas directrizes, sempre também o Governo Espiritual do Mundo acompanha a Mónada Humana na sua longa e penosa peregrinação através do Itinerário de IO ou ÍSIS.

Chegados que são os Tempos com a caducidade e decepitude dum Ciclo agonizante – sinais aliás bem patentes por todos os lados – e quando se vislumbra já no horizonte dos Tempos o despontar do jovem Ciclo, assim também o Governo Espiritual do Mundo se tem vindo a transferir do Oriente para Ocidente, dando assim compreensível significado à expressão:

“QUANDO O GANGES TROCAR, SEGUNDO VEJO, SEUS ESPIRITUAIS EFEITOS PELO TEJO.”

E desse modo se dá cumprimento à Lei pendular do EX ORIENTE LUX para o EX OCIDENTE LUX.

Na continuidade evolutiva e progressiva da Mónada, estavam as Américas destinadas ao desenvolvimento da sexta e sétima Sub-Raças, assim distribuídas:

Na América do Norte desenvolver-se-ia a sexta Sub-Raça com o nome de BIMÂNICA, isto é, possuiria todas as experiências do Mental Concreto e adicionaria mais o desenvolvimento do Mental Abstracto.

Na América do Sul floresceria a sétima Sub-Raça com o nome de ATABIMÂNICA, que teria as características da Raça anterior e mais a Suprema Inspiração, logo, portanto, a Inteligência Divina. Por aqui se deduz facilmente o tipo de Génios de que estas Sub-Raças são formadas, razão por que se afirma o fim da Kali-Yuga e o início da Idade de Ouro da Humanidade.

Todavia, por razões várias, de que esteve na base a sua cegueira insaciável pelo poderio económico e bélico do Mundo, a América do Norte perdeu o privilégio com que o Governo ESPIRITUAL do Mundo a tinha distinguido, ficando a América do Sul, representada pelo Brasil, com o encargo de desempenhar essa dupla função.

E como resultado desse duplo trabalho, surgiu a necessidade da criação da nossa Obra no Brasil para a preparação das sementes da Nova Era; daí o termos adoptado o lema de SPES MESSIS IN SEMINE, o que se poderá traduzir por “A ESPERANÇA DA COLHEITA ESTÁ NA SEMENTE”.

Brasil e Portugal, Almas Gémeas, Pátrias Irmãs, cujos destinos estão fortemente ligados pela Missão comum que têm de cumprir!

Coube a Portugal papel importantíssimo em toda esta Conjectura Divina, pois foi daqui que se iniciou o Advento da Nova Era através da extraordinária figura do Infante D. Henrique de Sagres, a quem coube o importante papel da descoberta das “TERRAS DO FUTURO” e a consequente transmigração das sementes donde sairiam as sexta e sétima Sub-Raças.

A Europa foi durante este último Ciclo o berço do desenvolvimento da quinta Sub-Raça, que entre outros desígnios tinha especialmente a missão de desenvolver até ao expoente máximo os aspectos do Mental Concreto, e para que a continuidade do Futuro se fizesse em segurança, havia a necessidade de se realizar o cruzamento entre os povos da Raça Ariana e as populações indígenas. Como resultado desse trabalho surgiria uma Sub-Raça de sangue novo, com as experiências da primeira e as potencialidades e robustez da segunda, para assim nascer uma plêiade capaz de vibrar e sintonizar com a ética do Novo Ciclo.

E da necessidade que havia de ser cumprida a Lei, Portugal, pela sua própria situação geográfica, dentre outros motivos de mais elevado valor, estava em condições excelentes de poder desempenhar papel importante neste movimento pendular do EX ORIENTE LUX para o EX OCIDENTE LUX.

Como já se afirmou, outros motivos de mais amplo carácter transcendental vincularam Portugal a este momento ímpar da História que vivemos. Porém, limitemo-nos por hoje a fazer um estudo dos aspecto mais genéricos.

É evidente que a pequenez espiritual e a curta visão da maioria das humanas criaturas, não lhes permite tomar sob a sua responsabilidade a direcção de tão ciclópicos trabalhos.

Para tanto, e porque os Tempos eram chegados, foi necessário que se desse o nascimento de Sete Seres de Alta Estirpe e elevado valor Espiritual, que distribuídos pela face da Terra e vivendo como homens comuns têm, no entanto, encaminhado o processo evolutivo da Mónada na realização dos planos Divinos.

Portugal, por várias razões, entre as quais a já apontada, teve o extraordinário privilégio de abrigar no seu solo, e mais concretamente nesta maravilhosa Serra de Sintra, um desses Divinos Seres, mais especialmente o quinto dessa maravilhosa Hierarquia.

É por isso que para aqueles cujo estado de espírito começa já a subtilizar-se, criando-lhes estados de sensibilidade já bastante apurados, não podem deixar de sentir uma paz profunda e muitas vezes até uma certa comoção quando pisam este Solo Sagrado, na maioria das vezes sem lhe conhecerem os motivos.

É óbvio que toda esta Conjunção Planetária em favor da rápida ascensão a níveis mais elevados de toda a criatura humana, pode naturalmente ser contestada; porém, provas deixadas aqui e além por Altos Seres de certa Confraria Branca, são provas insofismáveis do que afirmamos. Todavia, só podem ser detectadas por aqueles a quem a Linguagem da Simbologia não é estranha.

BIJAM