Entre os anos de 1920 e inícios de 1924 surgiu na cena brasileira um misterioso personagem dado como Zizuph, que encheu as páginas dos jornais cariocas e fluminenses com notícias alvissareiras prometendo que acertava nos números da loteria, curava todas as doenças, inclusive os males de amor, e com talismãs misteriosos fazia desaparecer a infelicidade de qualquer um que o consultasse. Como se autointitulava, era “o maior mágico e adivinho do mundo para quem não haviam segredos”! Poderia ser mais um charlatão dentre os inúmeros que enchem a praça pública até hoje, não fosse nunca terem conseguido desmascará-lo, as suas curas terem se revelado positivas e as suas previsões publicadas nos jornais terem resultado certas.
Mas quem era Zizuph, o professor de ocultismo popular, o expert das adivinhações, o “doutor cura-tudo”, o génio familiar do circense todo pro pópulo que por essa altura trazia a sociedade civil do Rio de Janeiro e de Niterói em alvoroço? Afinal, quem era ele?
Era nada mais e nada menos que Henrique José de Souza, baiano nascido em S. Salvador em 15 de Setembro de 1883. Por essa altura ele era já um ocultista nato, experimentado, inclusive tendo convivido de perto com misteriosos Seres Superiores na Índia onde estivera na passagem do século XIX para o XX, entre 1899 e 1900, tendo em 1914 perdido a fortuna familiar por causa da I Grande Guerra Mundial e a sua família passando mal levou-o a enveredar por essa via profissional do ocultismo divinatório para andrajosos não sucumbirem à fome, ele cujas tendências naturais eram absolutamente vocacionadas para a espiritualidade, o que levara-o a ingressar na Rama Teosófica Alcyone em 1905, em S. Salvador da Bahia, abandonando-a em 1907, e a fundar em 28.9.1916 o Centro de Estudos Comunhão Esotérica Samyama, no Rio de Janeiro, que durou até 22.12.1919, já tendo recusado completar o curso de medicina, igualmente o de advocacia, e assim também o encargo de empresário comercial.
Esse ocultismo pro pópulo praticado pelo hábil astrólogo Zizuph também teve duração curta, cerca de quatro anos mal feitos. Por certo os seus interesses superiores, mentais e espirituais, chocavam abertamente com a prática divinatória que nunca passa do psicofísico imediato, das tendências e necessidades emocionais as mais diversas cingidas à satisfação do desejo de “ver e ter para crer”, e logo insaciável querer mais, sempre mais… no inesgotável desejo de satisfação sempre insatisfeita, por ausência de Essência duradoura que é a única a dar a solidez da certeza, imposta pelo geral comum ao traquejado mas também sofrido Zizuph, que a essa fase da sua vida (1915 a 1921) chamou “A Grande Dor”.
Chegado aqui não faltarão as vozes simples despidas de raciocínio superior, espiritual, causal, verdadeiramente metafísico ou teosófico, para darem Henrique José de Souza como “charlatão de circo, teatreiro e até alucinado”. O ordinário contempla-se no seu próprio espelho e vê nos outros o seu próprio mal… déjà vu. Esquece-se que Jesus, São Germano, Cagliostro, H. P. Blavatsky, etc., também agiram do mesmo modo: provocaram fenómenos psicofísicos indiscriminadamente, e isso valeu-lhes até hoje a má-fama de “charlatões de feira que se autopromovem para enganar o pagode”. Admitindo que soubessem antecipadamente disso como resultado inevitável junto do ordinário incansável na faina de destruir a sua boa reputação, então porque recorreram aos métodos psicofísicos?
Sendo Seres Superiores espiritual, mental, emocional e até biologicamente, no que tinham conhecimento das leis da Natureza e domínio sobre as forças invisíveis da mesma, provocaram os fenómenos que os caracterizaram como Teurgos e Taumaturgos ficando envoltos em halo milagreiro junto do pópulo, tendo-o feito para atrair as atenções gerais e com elas as dos membros das suas cortes entretanto reencarnados, atraindo-os para junto de si. Quando o conseguiam, tendo aglomerado o maior número possível de membros, acabando por fundar Escolas de Mistérios, cessavam os fenómenos e começavam os nómenos, os ensinamentos iniciáticos, a prática mental, ética e moral da doutrina superior. Todos os Seres referidos agiram assim, a começar por Jesus Nazareno ou Jeoshua Ben Pandira.
O mesmo fez Zizuph, palavra mágica, cuja faina secreta era a de arregimentar as Mónadas da Obra entretanto reencarnadas. Boa parte delas veio a integrar as fileiras de Dhâranâ – Sociedade Mental-Espiritualista fundada por Henrique José de Souza em 10.8.1924 em Niterói. Zizuph é o “Génio dos Mistérios”, como diz o próprio H.J.S., antes, J.H.S. no seu Livro Síntese: “Representa o “Génio ou Jina dos Mistérios”, ou seja, o 6.º entre os 7 da 8.ª hora, portando maravilhosa explicação respeitante ao futuro da Obra. Vide o Nuctemeron de Apolónio de Tiana”.
O Nuctemeron, texto grego do século I d.C., é o “dia (meron, luz da sabedoria) emergindo da noite (nucte, treva da ignorância)”, disposto como as 12 horas de um relógio onde cada hora corresponde a uma instrução esotérica assessorada por 7 Génios, Arcontes ou Principados, ao todo 84 (7×12).
Começando o dia entre as 6 e 7 horas da manhã, tem-se a 8.ª hora, entre as 13 e 14 horas, assinalada pelos planetas e elementos seguintes ao longo da semana: domingo = Sol, Elemento Terra, Pritivi-Tatva, Ouro, Físico; segunda-feira = Lua, Elemento Água, Apas-Tatva, Prata, Etérico; terça-feira = Marte, Elemento Fogo, Tejas-Tatva, Ferro, Emocional (Astral, Psíquico); quarta-feira = Mercúrio, Elemento Subatómico, Anupadaka-Tatva, Azougue, Intuicional; quinta-feira = Júpiter, Elemento Atómico, Adi-Tatva, Estanho, Espiritual; sexta-feira = Vénus, Elemento Éter, Akasha-Tatva, Cobre, Causal; sábado = Saturno, Elemento Ar, Vayu-Tatva, Chumbo, Mental.
Conforme Apolónio de Tiana, os Génios da 8.ª Hora são os seguintes: Nantur, Toglas, Zalburis, Alphun, Tukiphat, Zizuph, o Génio dos Mistérios, e Cuniali.
O texto da instrução esotérica referente à 8.ª Hora é o seguinte: “As estrelas falam entre si, a alma dos sóis comunica-se com o hálito das flores e as cadeias de harmonia fazem com que todos os seres da Natureza se correspondam”. O que Apolónio interpreta como “a previsão dos efeitos pelo cálculo equilibrante das causas”. Isto vai de encontro àquela fase da vida de Zizuph (1922 a 1928) que a batizou de “Mistérios Celestes”.
Apolónio de Tiana (Tiana, c. 15 a.C. – Éfeso, c. 100 d.C.) foi contemporâneo de Jesus e as vidas de ambos chegam a confundir-se no que têm de Taumaturgos como Adeptos Vivos que eram e são. O nome de Apolo ou Apolónio é inclusive citado no Novo Testamento, nos Actos dos Apóstolos e em Coríntios, revelando-o até superior ao Apóstolo Paulo já de si considerado o fundador da Igreja cristã.
Esses dados eram do conhecimento de Zizuph, ele que nunca transgrediu a Lei do Karma ou de Causa-Efeito durante a sua actividade como “astrólogo e mago”, reiterando sempre que os seus consulentes só teriam saúde, felicidade e boa fortuna, acertando na loteria ou do “jogo do bicho”, se o seu karma lhes fosse favorável, que ele apenas fornecia os meios para alcançar o almejado. Isto é confirmado pelo próprio J.H.S. na sua Carta-Revelação de 22.3.1962, Alquimia cabalística da minha vida, inserida no Livro-Revelação Reconstrução do Pramantha do Ciclo de Aquarius (1961 a 1963):
“E sempre o metal, o ouro, a prata, o ferro, o mercúrio, o estanho, o cobre e o chumbo, e mais adiante dedicar-me a talismãs que salvarão muita gente. Aí está o Reino Mineral ao serviço da salvação do Homem, na caixa postal n.º 1 em nome do Professor Zizuph, o adivinho como Papus, o médico como Paracelso como autor de tantos livros sobre Alquimia. Retirei o necessário para fazer talismãs, tendo o contacto das minhas mãos, da página sobre Júpiter e Mercúrio, sim, dos sete livros da Archidoxia Magica de Paracelso. Quantas pessoas ou seres humanos ficaram ricas com o mineral do meu esforço! Eis aí uma das cinco funções do Vigilante Silencioso. O mineral, o vegetal, o animal, o humano e o endócrino ou do futuro andrógino. Certa vez em Santa Rosa entra-me um senhor pela porta adentro, eram 22 horas, e diz: “Perdoe-me vir incomodá-lo a estas horas, mas é que tenho de partir muito cedo de volta. Vim aqui a mando de uma senhora que lhe quer muito bem. Ela era pobre e desejava possuir uma fazenda de café no Espírito Santo. Recorreu ao senhor que lhe mandou um talismã, com o qual ela tendo adquirido um bilhete ganhou a sorte e comprou a fazenda. Acho que posso ser tão feliz quanto ela.” – “Não é tanto assim, meu amigo. Resta saber se o seu karma permite (e expliquei-lhe o que era o karma). Em todo o caso, tenho aí um talismã que foi meu e dou-lho como experiência, pois para se fazer um talismã são precisos vários trabalhos, desde o nascimento, etc., até certos atributos, e eu não vou fazer isso agora.” O homem se foi. Dias depois escreve-me que tendo ido ao Rio Grande empurraram-lhe a pulso um bilhete. No dia seguinte, quando ia embarcar de volta, soube que havia ganhado a sorte grande e teve que ficar mais dois dias para receber o dinheiro. E assim vários outros factos que tenho relatado inúmeras vezes, por isso deixo de citá-los sem o que a carta seria longa demais.”
Isso leva-me ao seguinte ocorrido não há muito tempo: tendo eu repassado algumas Cartas-Revelações de J.H.S. a um membro da Obra, em guisa de Iniciação à distância, pessoa de posses modestas que vive do seu trabalho como camionista circulando entre São Paulo e o Rio de Janeiro, e vice-versa, ele seguiu as instruções constantes em uma delas para acabar a contar-me o flagrante seguinte:
“V.I. Vitor, estava lendo na terça-passada, 05/04, uma das Cartas-Revelações do ano 10/12/59 do Professor Henrique José de Souza, o nosso Mestre J.H.S., no qual ele faz comentários sobre a loteria federal e fala sobre os números… por exemplo, 2.6479… e comentou que seria para jogar tipo combinado… 6497, 6749, etc., eu marquei os números para jogar, só que por conta do trabalho (transporte) estava na estrada na quarta-feira, 06/04, e acabei não jogando. Na quinta-feira fui conferir o resultado, e… constatei que o número deu no primeiro prémio (500.000 reais).”
Respondi-lhe:
“O episódio que conta só vem demonstrar que J.H.S. estava certo e continua a ser certeiro passados decénios da sua passagem ao Mundo dos Imortais. Lembro as proibições do Mestre ao seu dedicado Paulo Machado Albernaz, que passados tantos anos vi-as confirmar-se diante de mim, uma a uma: em Sintra, em Lisboa e na Sede da Comunidade Teúrgica Portuguesa. Como o Paulo Machado Albernaz possuía uma doença crónica, renite aguda, de excesso de sol que o afectava, o Mestre aconselhou-o a usar um boné, corria os finais dos anos 50, e ele assim fez. Passou a usar permanentemente o boné, aliás, sete bonés de cores diferentes – as dos tatvas – para cada um dos dias da semana. Na C.T.P., dirigindo a aula, entusiasmado Paulo distraiu-se e tirou o boné, para de imediato começar a desfalecer tomando a cor de moribundo, ao que a sua esposa apressou-se a colocar-lhe o boné e prontamente ele voltou ao normal, prosseguindo a aula como se nada tivesse acontecido. Houveram outros episódios igualmente significativos… Também noutras actividades, inclusive na política, J.H.S. aconselhava fazer uma coisa e os seus «sábios» condiscípulos iam fazer exactamente o contrário. Depois iam machucados queixar-se ao Mestre e este repreendia-os, mas também lhes perdoava como Pai. Aliás, enquanto viveu na Rua João Moura, em São Paulo, J.H.S. recebia diariamente representantes dos 7 Ramos da Ciência, e era vê-lo a dar instruções jurídicas a advogados e juízes, a dar instruções musicais a artistas e cantores, e por diante. Sim, “Ria do Lote”, meu Irmão, eu que há dias atrás lhe gracejava “o preço de certa obra artística (imagem de Akdorge) ser 500.000 reais”. Agora eles fugiram, mas há sempre uma segunda oportunidade. Experimente. Se o seu Karma estiver condigno à Lei, por certo acertará. Tal como acertou e acerta sempre J.H.S.!”
O texto em apreço da longa Carta-Revelação de J.H.S., datada de 10.12.1959, é o seguinte:
“Para quem compra bilhetes de loteria, deve sempre levar em conta o 4 para dezena e o 7 para unidade. Sim, o número 47 como dezena final do bilhete. Soma 11, a “Volta ao Divino”. Akadir, especialista em Kaballah ou Mercabah, dizia ao cardeal de Rouen, a quem fez feliz muitas vezes e que queria saber como ele adivinhava: “Eu falo com os Arcanjos”. Eu mesmo, penalizado de um pobre rapaz que nos visitava em Mourão do Vale, e em outras casas que se seguiram, tanto a ele como à sua família também fiz feliz. E, no entanto, quanto a mim, como nunca pude fazê-lo? O Karma da Missão que me pesa sobre os ombros. Todos sabem que eu poderia ser milionário por esforço próprio, isto é, com o que sou. Dois diplomas, fiscal de consumo, secretário de um grande capitalista carioca e assim por diante. Não falemos nas tentações das Forças do Mal, desde a Bahia, fazendo-me ofertas tentadoras. E eu continuo às voltas com a Miséria. O próprio médico que foi trazido pelo Ven. Dr. D´Agostini… além de outros medicamentos receitou-me MEZEREUN, próprio para as dores. Mas talvez que não para as morais. Eu que tenho que fazer o AR CÉNICO ou do artista miserável, na função de Rei Mendigo, já que o fui VAGABUNDO como François Villon…
“Este mês acabarei de pagar o carro, porém, mal chegou essa ocasião o mesmo se quebrou e está avaliado naquele número feliz das loterias, etc.: 47 mil cruzeiros foi o seu orçamento. E vá eu atrás da D. Loteria… “Ria do Lote”, diria Jânio Quadros, que também é quarto. Um quadro é sempre quatro. Ora, 4, 5, 6, 7, 9 são cinco números que, invertidos ou combinados, poderiam fazer feliz a muita gente. Por infelicidade, na Loteria o número terminal é 30.000, ou melhor, a mesma Loteria manda imprimir 39 mil números. Eu preferiria, por exemplo, 26.479. E assim por diante, por estar dentro da Mercabah. Mas também 26.794, 26.749, etc. Não falando das ladroeiras de todas elas, porque no mundo o furto é o pivô ou mola real da Riqueza, mas nunca para um HENRIQUE ou El RIQUE. O nome e o pseudónimo: RIQUE de Hen rique, e ZA de Sou za, igual à Riqueza, mas só dá Mezereun ou Miséria. E eu fico com o ar cénico, rindo da minha sorte, e quando choro – Ridi, pagliaci – dou como terminada a peça: La commedia é finita.”
Após a fase de Zizuph, “a comédia findou”. Sim, tanto que por volta de 1960 deu-se o episódio picaresco seguinte: alguns membros mais zelosos da Sociedade Teosófica Brasileira vendo as dificuldades económicas que a mesma atravessava continuamente, desabafaram com o Professor Henrique: “Como é possível, Professor, uma Obra tão grandiosa ser tão pobre de recursos económicos?” Ao que o Professor murmurou: “Vejo burros, vejo burros”… e todos correram a apostar no burro do “jogo do bicho”, saindo o bilhete furado. Desiludidos foram queixar-se ao Mestre que lhes respondeu: “Mas os burros que eu vi eram vocês”. Sim, por não terem percebido que o Karma da Missão vedava o acesso à fortuna, por colidir abertamente com o Karma da Humanidade.
Questão de inteligência emocional… e motivo de muitos se afastarem da Instituição e Obra desiludidos com a mesma. Falta de inteligência superior que sempre observa os efeitos à luz das causas e nunca os efeitos pelos efeitos. Tudo fazendo parte do processo de “separação do trigo do joio”, das Mónadas aptas das Mónadas inaptas, dos que são da Instituição e Obra e dos que realmente não são, mesmo que temporariamente afiliados na primeira. Razão para J.H.S. afirmar amiúde: “Muitos que estão, não são. Muitos que não estão, são”!
Lembro-me dos anos 80 no século passado quando na Fraternidade Espírita de Portugal, do finado Eduardo Matos, a partir de certa ocasião proibi as manifestações mediúnicas substituindo-as pela leitura e meditação do livrinho mais simples e acessível ao alcance de todos: Aos pés do Mestre, de Jiddu Krishnamurti. Resultado: a casa que enchia até à rua em pouco tempo esvaziou de gente, ao ponto de Eduardo Matos pedir à sua assistente Gina (mas sem o J de Jnana ou Sabedoria de Jina) que também me despachasse para o olho da rua. Assim aconteceu, comigo feliz e contente indo fundar a Loja Akdorge no Cais do Sodré, em Lisboa. Eu tentara “separar o joio do trigo” levando este para a supradita Loja Teúrgica.
Com a fundação de Dhâranâ – Sociedade Mental-Espiritualista finda a fase de Zizuph, passando os Mestres do Tibete e da Índia a vibrar nela provocando os mais espantosos fenómenos como que anunciando que chegara a Hora do Ocidente nesse ano de 1924. O 31.º Budha Vivo do Oriente, Bogdo-Gheghen, repassa a J.H.S. o Bastão de Mando da Obra do Eterno, que assim assume o estatuto de 1.º Budha Vivo do Ocidente com o nome sublime de Baal-Bey, “Senhor Deus”. Iniciava-se o Ex Oriens Umbra para o Ecce Occidens Lux!
As notícias sobre Dhâranâ correram velozes nos jornais da época – como a seguinte publicada no jornal O Brasil, de 20 de Fevereiro de 1927 – maravilhando os leitores sôfregos que assim tomavam noção da mesma, alguns deles membros dispersos da Obra entretanto reencarnados que tinham nessas notícias o toque de chamada.
Para tudo ficar em conformidade à Lei, em 1928 aconteceu a União definitiva de Henrique ao seu Ego Imortal – Anupadaka-Deva – como Luzeiro Akbel. Sobre isto, o Livro do Isak (Wilson) descreve no capítulo intitulado O Dia dos Imortais ou a Vinda Definitiva do Mestre:
“Muita Glória, Luz e Esplendor ao Excelso John King ou o “Rei dos Jinas”, que no dia 28 de Abril de 1928 veio directo da Montanha Moreb ao Santuário da Obra em Niterói, na Rua Otávio Carneiro, n.º 9. Os Jinas de Arariboia que vieram em aspecto transcendental do Morro Cara de Cão através da Sub-Embocadura da Glória, Rio da Janeiro, e depois de secretamente se disfarçarem como pessoas normais no meio da população, foram ter ao Excelso Santuário da Obra para dignificarem cada vez mais o Culto de Melki-Tsedek na Face da Terra, e para isto os mesmos deveriam então integrar o Discípulo Pithis (Henrique) na Consciência Cósmica do nosso Mestre Akbel (JHS).
“Assim, Munindras, nesse dia o nosso Excelso Senhor e Mestre JHS assumiu a dignidade do Rei-Sacerdote MELKI-TSEDEK. Passou a dirigir sozinho o combate contra os magos negros, a luta contra os Assuras sombrios, tornando-se Senhor do TETRAGRAMATON. Assumiu a responsabilidade das duas Faces: internamente como SATURNO e externamente como JÚPITER. Passou a ser o JEHOVAH. Passou a ser o Planetário ou Senhor das duas Faces, MELKI-TSEDEK: Melki = Bem, Tsedek = Mal. JHS e RABI-MUNI.
“Os Excelsos Munis de Moreb começaram a vibrar juntamente com os Jinas no Santuário, e o nosso Excelso Senhor, o “Discípulo”, repentinamente ergueu-se da cadeira e pela entoação da sua voz reconheceu-se a “vibração do Mestre”, que assim falou:
– Do Ilusório conduz-me ao Real!
Das Trevas à Luz!
Da Morte à Imortalidade! (das tradições vedantinas)
Ó! Vós, Dharanis, que desejais perscrutar a Sabedoria Eterna dos Deuses!
Ouvi, pois, a Voz de DEVA-VANI (a Voz Divina ou la Bocca de la Vocce de la Veritá) dirigida aos Heróis da Imortalidade!
Venho para fazer cumprir a LEI, embora Me não compreendam aqueles que dela se acham afastados!
Trago uma espada de dois gumes: um que ama e outro que é obrigado a ferir! Contrariamente a alguns outros que vieram antes de Mim, de há muito que Me encontro destruindo, não somente os falsos ídolos, como erva daninha que viceja sobre os últimos vestígios do Bem! Para depois, então, reconstruir toda a OBRA valiosa do Passado EXECUTADA PELOS REIS DIVINOS, MEUS AMADOS E VENERÁVEIS IRMÃOS DA MESMA HIERARQUIA!
Abrirei um sulco de lágrimas qual rio fluente banhando toda a superfície do Globo, cujo murmúrio é o eco ou súplica plangente partida da “Grande Dor Humana”, mas que, dia virá, pelo metabolismo universal do Amor, da Verdade e da Justiça, através do Sacrifício e da Renúncia, transformar-se-á em um “Lago imenso coberto de Lotos erguidos ao Sol”, em adoração à mais bela e elevada dessas flores simbólicas, pela sua alvura e beleza incomparáveis!
Meus tesouros materiais? Jazem no esquecimento do Passado, ou antes, através das múltiplas gerações que se foram! Hoje tais tesouros serão vossos… porque, mendigos que somos dessa dor imensa de que sofre o mundo, nenhuns tesouros nem glórias podem existir comparáveis à sublime e eterna Morada dos Budhas, como Lugar daqueles que a tudo renunciaram menos ao seu grande Amor pela Humanidade!
Abençoados sejais, ó Filhos meus amados, EM NOME DE MEU PAI, para que as vossas pegadas impressas na Vereda dos Seres de Compaixão possam servir de rumo certo aos que ousarem seguir a Luz alvinitente e bendita, que as vossas almas desprenderão na Grande Jornada até aos pés do Grande Senhor a quem estamos servindo!
“Finalizando esta oração em nossa língua, pronunciou outras em páli (ou língua jina… talvez), e arrancando a venda dos olhos disse:
– Lux Benedicta est in Coeli et in Terris! Occulus meus viderunt! Veni, vidi, vincit!
“Parando em frente ao Santuário, acompanhado dos seus dois Ministros – Irmão Maior Tancredo de Alcântara Gomes (como Coluna B) e Irmão Maior António Castaño Ferreira (como Coluna J) –, disse:
– No Portal deste Templo onde se cultua a Verdade, o Amor e a Justiça, a Ísis imaculada e vitoriosa vai ser desvendada pelas mãos de Serapis Bey aos Heróis da Imortalidade!
“E retirando o véu que cobria a Sacerdotisa da cabeça aos pés, Sacerdotisa esta que se achava em frente à Coluna do Fogo, disse mais ou menos o seguinte:
– Sacerdotisa de todas as Épocas e Templos sacrossantos dedicados a AGNI! Eu vos convido a acender o deste incomparável (Templo) a fim de que, ao ser entoado o Mantram ao FOGO SAGRADO, Ele se manifeste para sempre nesta parte do Globo!
“Encaminhando-se para perto do Trono (de antemão ali erguido), onde se encontrava o Pupilo VALTER ORION DE SOUZA (VOS!), disse o seguinte:
– Sombra de longínquo Futuro! Espelho onde se reflecte a Grande Luz que há-de um dia iluminar a todos os homens da Terra, quando livres das férreas cadeias da ignorância, Eu Te saúdo! Deste Trono improvisado pelas mãos de Mara – o Tentador – procura descortinar nas dobras do véu do Infinito… a Grande Apoteose, de que és o seu Esplendor… como um Sol de “Sete Raios de Luz” banhando toda a superfície do Globo. Sim, Excelso Ser finalizador da presente Ronda, porque desde hoje aquele esplendoroso Trono foi erguido na Nova Canaan ou Terra da Promissão! Ou antes, a Nova Jerusalém (nascida das “Muralhas de Jericó”, dizemos hoje) onde farás – em tão auspiciosa Era – a Tua verdadeira entrada… seguido do Teu Povo ou a Tua incomparável Família. E então, os “Filhos de Is… rael” (“Reino de Ísis”, dizemos) aclamar-te-ão como o seu REI ou o verdadeiro Messias Prometido!
O Leão da Tribo de Judá de venceu! Aleluia! Aleluia! Aleluia!
“Segundo o Grão-Templário Sebastião Vieira Vidal, em explanação no Salão do Graal (Templo de Mitra-Sherim, “Louvado seja Deus” – São Lourenço, MG) no dia 27 de Abril de 1970, “nesse dia JHS assumiu a dignidade do Rei-Sacerdote MELKI-TSEDEK. Passou a dirigir sozinho o combate contra os magos negros, a luta contra os Assuras sombrios. Os Adeptos que o auxiliaram na defesa da Obra deixaram de o fazer (os 49 Adeptos Independentes, os Dhyanis-Kumaras, as Plêiades, etc., que tinham auxiliado à Fundação da Obra, desapareceram). Houve a luta, o embate entre os 666 e os 777 no Norte da Índia, com repercussão na América do Norte e na América do Sul. JHS venceu, tornando-se Senhor do TETRAGRAMATON. Assumiu a responsabilidade das duas Faces: internamente como SATURNO, e externamente como JÚPITER. Passou a ser o JEHOVAH. Passou a ser o Planetário ou Senhor das duas Faces, MELKI-TSEDEK: Melki = Bem, Tsedek = Mal. JHS e RABI-MUNI”.
“Nesse Ritual, a Veste inferior de Mikael avatarizou-se no nosso Dirigente, começando deste então a dirigir a Obra na Face da Terra, como a Face radiosa de Baal-Bey. De modo que dessa época para cá, Baal-Bey com a sua Face radiosa começou a glorificar o Mundo, glorificando assim a própria Lei, cujo ponto magnético para todo esse trabalho tem sido Mahiman.”
Depois desse evento Dhâranâ é dissolvida na Sociedade Teosófica Brasileira, que o Professor Henrique José de Souza fundaria a cidade do Rio de Janeiro em 8 de Maio de 1928.
Ainda no Livro do Isak, encontra-se o seguinte trecho de J.H.S. retirado de uma fita gravada possivelmente em 1959:
“Jesus teve sete nomes: Iss, Yess, Jess, Jasius, Jason, Jeoshua e, além desse Jeoshua Ben Pandira, teve o de Jepher-Sus, que era o seu nome aghartino. Eu com sete nomes também que, como se vê, depois terei mais um para ser o Oitavo, ou sejam: Honorato, Henrique, Kadir, Zizuph, Laurentus (como se vê pelo meu livro Ocultismo e Teosofia), Akbel, antes desse Baal-Bey (o Akbel já vem depois, que é justamente o nome do 6.º Senhor), e o oitavo, interessante, e o oitavo, repito, é aquele justamente que eu tive de dizer num dos últimos Rituais no Rio de Janeiro: “Eu sou o maior dos absurdos”. O maior dos absurdos como oitavo, e da mesma maneira o Oitavo Sistema que é o maior dos absurdos, pois é o Tudo no Nada e o Nada no Tudo. É o Mar de Akshara, é o Oceano Sem Limites; portanto, é daí que parte a forma dual Fohat e Kundalini e que dá razão de ser ao nome Pai-Mãe do Andrógino Adam-Kadmon do Segundo Trono, e do Adam-Heve do Terceiro Trono ou Face da Terra.”
Está falando do Pai-Mãe Cósmico, ZAIN-ZIONE, o Grande Mistério da Origem do Oitavo Sistema, originador dos restantes Sete que perfazem o Universo onde a Vida e a Consciência evolui.
As Previsões de Zizuph pro pópulo vêm a dar lugar às Profecias de Baal-Bey pro electus, como figuram nos primeiros números da revista Dhâranâ, edição iniciada em Agosto de 1925. Previsões e Profecias têm um indicador comum: todas acertaram nos prognósticos.
Zizuph assinala a fase psíquica; Baal-Bey marca a fase mental. Zizuph existiu no período de trabalho Jiva, enquanto Baal-Bey designou a Obra Jina, tanto que o mesmo é o Rei de Agharta ao lado de consorte Baal-Mirah nas funções de Chakravartin e Chakravartini, como sejam o Rei e Rainha de Melkitsedek em quem vibram Akbel e Allamirah, os Jivatmas Siderais, os Luzeiros que o Céu tem.
Com tudo, fica exposto o mistério do Professor Zizuph que agitou a sociedade da sua época e ainda hoje agita, mais que tudo a certa gente de nenhum tirocínio incapaz de ver além do seu umbigo mas primando pela estupidez do convencimento. Termino com palavras do Professor Henrique José de Souza respigadas da sua Carta-Revelação de 28.7.1961, Diante do Muro das Lamentações:
– Chega assim com os indiferentes de fora, mas também com alguns de dentro. O egoísmo é a nota dissonante da Evolução Humana! Conta-se mesmo o caso de um Adepto que tendo ido a um cemitério, procurou saber de quem eram certos túmulos. Nos de um assassino e de um ladrão, ele disse: “Pobres desgraçados, não encontraram ninguém que os ajudasse”. E no de um egoísta: “Este é o mais desgraçado de todos, não tem salvação porque só cuidou da sua miserável personalidade”. E chega. Separemos o Material do Divino como se separa o Arrúpico do Rúpico, ou a Matéria Passiva da Activa tendo no centro o Segundo Trono geometrizando a Evolução e, portanto, o esquema cabalístico da nossa Obra.
BIJAM