Em mãos a vossa carta de 5 de Janeiro corrente e felicito a todos por tão feliz empreendimento, que vem provar o vosso entusiasmo e amor pela nossa Obra, a qual teve o seu ponto de apoio, para chegar ao Brasil, aí em Portugal ou, mais precisamente, em Sintra, que Lhe deu grande cobertura espiritual, com o vigoroso impacto dos Gémeos Espirituais pelos Braços poderosos do 5.º Bodhisattwa. Notem bem: o 5.º Bodhisattwa no 5.º Posto Representativo. Não é admirável? É tema de meditação.

Desde 1500, quando Cabral chegou a Porto Seguro, na Bahia, aqui no Brasil, que o trabalho já tinha começado. Vêem vocês a importância de Portugal nesse metabolismo de nossa Obra, cujo papel principal é, justamente, preparar a Humanidade para desenvolver um novo estado de consciência: o quinto? Disse o meu inesquecível esposo e companheiro de Missão, Professor Henrique José de Souza: “trago um novo estado de consciência, não mais admito que se diga “tive uma ideia”, porque a ideia será permanente na criatura humana”. Estas palavras significam que a Humanidade já está começando a dar os seus primeiros passos para dominar o Mental Abstracto, o quinto Princípio, que se estende e liga ao Plano Búdhico, e, portanto, não terá mais necessidade de chegar a conclusões através do raciocínio, porque o conhecimento será directo. A Ideia é Deus na criatura humana; a Inteligência é Espírito, e ambos funcionando num cérebro bem harmónico, equilibrado, portador de bom senso, a produção, a sabedoria, o conhecimento e o pensamento manifestam-se equilibradamente. Se Deus, o Criador, fez a criatura humana à sua semelhança, essa mesma criatura humana deve senti-Lo no seu interior e não buscá-Lo fora.

O Ciclo exige tal coisa, porque a nossa Obra não é estática, a nossa Obra é dinâmica, caminha sempre para a frente, como provam as três palavras Transformação, Superação, Metástase, pronunciadas no Portal de nosso Templo em São Lourenço, no dia 14 de Abril de 1957, por J.H.S. Três palavras que, estudadas como merecem, são chave de conhecimentos transcendentes, que vêm provar o Trabalho Cósmico da nossa Obra. Este acontecimento deu-se, como disse, no Portal do Templo, na sua parte externa. Só as crianças ficaram no interior do Templo. E esse Ritual, porque não deixou de ser um Ritual, muito tem a ver com o Núcleo do 5.º Sistema – eis por que afirmei que a nossa Obra anda sempre para a frente. No Presente trabalhamos para o Futuro.

E já que tenho falado tanto em 5.º Princípio, 5.º Sistema, não será demais lembrar que o número 5, ou melhor, o Arcano 5 é a chave numérica do Pentagrama Sagrado, o qual deu origem à forma do corpo humano. A criatura humana, de braços e pernas abertos, é uma Estrela de Cinco Pontas. É o ser da 4.ª Hierarquia com a possibilidade de alcançar o 5.º Princípio Cósmico. Será o sistema endócrino que formará a estrutura humana do 5.º Sistema, como, hoje, o cérebro-espinal o é do 4.º Sistema. Adianto-lhes que já existem Seres que são frascos humanos que abrigam a Quinta Essência Divina, que desceu dos Céus como Hálito de Deus. Esses são os Orientadores da Humanidade. Ai dela se não existissem esses suportes físicos, garantindo-lhes a possibilidade de evoluir.

Para provar a característica do nosso Trabalho na Face da Terra, lembro-lhes a Mensagem vinda do Oriente, quando começávamos a dar os primeiros passos como uma sociedade civil: “Dhâranâ, Sociedade Mental-Espiritualista, 5.ª Rama das Confrarias Budistas do Norte da Índia e do Oeste do Tibete”. Por isso que a Sociedade teve no começo o nome de Dhâranâ, para, depois, passar a chamar-se Sociedade Teosófica Brasileira, em homenagem ao trabalho da grande Mártir do século XIX, Helena Petrovna Blavatsky.

O nosso Movimento é milenar, veio do Oriente para o Ocidente e tal facto está apontado aí na Serra de Sintra, na famosa profecia gravada na pedra: “Patente me farei aos do Ocidente, quando a porta se abrir lá do Oriente… Será coisa pasmosa quando o Indo, quando o Ganges trocar… (segundo vejo) seus… (espirituais) efeitos com o Tejo”. E coube ao vosso glorioso país, Portugal, com o significado de Porto Galia ou Gaulês, ser o ponto culminante das fusões monádicas procedentes da 4.ª sub-raça ária e de quantas outras aí se foram fundir, inclusive a arábica, a hebraica, etc.

Rendamos também homenagem à Excelsa Ordem de Aviz, instituída por D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal, Ordem essa que era uma espécie de escudo ou “cobertura” exterior da Ordem de Mariz, à qual pertencia igualmente o fundador de Portugal e seus barões, e que agremiava os membros do Culto de Melkitsedek, muito tendo contribuído, portanto, para o esplendor da nossa Obra. O nome dessa Augusta Ordem tem, por origem, Morias, Mouros, Marus, e as suas insígnias (cruz e fita) eram nas cores verde e vermelha; o verde herdado da Ordem de Aviz, e o vermelho da de Cristo. Ambas essas cores as são da respeitável bandeira portuguesa e, se fundidas, dão a púrpura do 5.º Posto Representativo. Essas duas cores as são também das duas poderosas Forças que sustentam o Mundo – Fohat e Kundalini – as quais regem a Lei da Polaridade, sobre a qual muito falou J.H.S. em seus últimos momentos de vida terrena, pedindo que os discípulos meditassem sobre a mesma, e eu, neste momento, confirmo as suas palavras, renovando o seu pedido.

Aliás, no dia 10 de Agosto de 1976, no Templo de Maitreya, aqui em São Lourenço, falei a respeito, aos meus Filhos Espirituais, lembrando-lhes que nos primeiros anos da nossa Obra fora oferecido a eles o Mantram de Agni e, posteriormente, o do Santuário do Brasil. O primeiro fala do Fogo vindo do interior da Terra, e o segundo num jacto de Luz procedente do Céu. Isto é muito importante. Pensem no assunto.

O caminhar da nossa Obra, o chamado Itinerário de IO, é a Peregrinação da Mónada Humana através das civilizações que nascem, alcançam o seu apogeu e declinam para, das suas experiências, surgir uma nova civilização, e assim sucessivamente. O movimentador dessa Roda Viva ou Roda da Vida ou Pramantha, é o Chakravartin e o seu aspecto feminino, Chakravartini. E já que estou falando em Roda da Vida, relacionada com o Arcano 10, ocorre-me dizer-lhes que a Taça Sagrada, o Graal, pesa 55 quilos, número este que, reduzido, nos dá o 10. Só este facto responde pelo que já lhes disse a respeito do Itinerário de IO. O Graal também peregrinou através de 7 Templos no Oriente e de 7 no Ocidente, para chegar ao de Maitreya. E Graal sugere a ideia de Sangue, Sangue dos Manus, senão dos Gémeos Espirituais, e, portanto, estreitamente ligado à formação das civilizações que são sempre criadas pelos Manus. Eles é que dão o Bijam ou Semente das civilizações que, depois, se desenvolvem através dos tempos, mas a tónica inicial é dada pelo Manu e a sua Contraparte.

Parece que já falei muito, ou melhor, escrevi, mas estas palavras servirão como tema de meditação. Se a minha linguagem é um tanto sibilina, perdoem-me, mas o meu papel é o de “iniciar” os meus discípulos, e iniciação é assim que se processa, pois cada um deve procurar, através da pesquisa e meditação, chegar à Verdade.

Para terminar, um conselho que há tempos dei no Templo: “Sem o Amor Universal nós não podemos trabalhar pela Obra. Tem que haver esta unidade. Nós somos um aqui dentro; o nosso pensamento tem que ser uníssono, o corpo tem que ser um. Então, se eu sofro, todos sofrem comigo; se o meu filho sofre, todos sofrem com ele; se o meu irmão sofre, todos sofrem com ele. Tem que existir essa Unidade Absoluta aqui dentro”.

Paz e Progresso Espiritual, com a minha bênção.

Helena Jefferson de Souza